terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Na Base da Bola │ Pedro Venancio


Excelente matéria ! Esperamos evoluir e conquistar mudanças em nosso futebol de base.

Lista: cinco coisas que precisam melhorar na base brasileira em 2015

por Pedro Venancio 

Após o 7 a 1 sofrido contra a Alemanha na Copa do Mundo, a base brasileira foi questionada por todos os lados. Algumas delas impertinentes, como os genéricos e preguiçosos argumentos de que "não se treina fundamentos na base" ou "a base está cheia de empresários".
Outras críticas, com mais fundamento, se referem à filosofia de jogo dos clubes e da Seleção, à busca excessiva pelo resultado com a imposição física como prioridade no modelo de jogo adotado. Ainda assim, é possível dizer que a base brasileira é contraditória, como o país. A qualidade do jogador não foi perdida, ao contrário do que muitos apregoam, mas o jogo mudou, e o Brasil precisa se adaptar.

Em 2014, o blogueiro que vos escreve viu e ouviu queixas e análises de diversos coordenadores, dirigentes e pessoas que acompanham a base brasileira. E o fim do ano é o momento ideal para listar cinco coisas (entre muitas outras) que precisam melhorar em 2015. 


Confira:

O calendário
Não há unificação do calendário da base brasileira. O Campeonato Carioca começou em janeiro, com os mesmos 16 clubes dos profissionais, e terminou em julho. O Paulista, que teve início em maio e acabou em dezembro, é um gigante de 42 clubes. Não há sequer unificação de categorias. Em São Paulo, há torneios sub-17 e sub-15. No Rio Grande do Sul, há sub-17, sub-16, sub-15, sub-14. Na Bahia, é sub-18 e sub-16.

Essa falta de unificação é o principal obstáculo para que se crie um Brasileiro Sub-20 de pontos corridos, intenção dos clubes já há algum tempo. Empresas já se mostraram animadas com a ideia de patrocinar o torneio, mas a falta de datas em comum é um obstáculo. Em compensação, no sub-15, há poucas competições a serem disputadas e um vazio no calendário.


Os gramados
Uma das principais queixas sobre os jogos de base no Brasil é a de que "só se vê chutão". Mas em vários casos não há sequer a possibilidade de se treinar toque de bola, ou disputar jogos assim (sobretudo nos jogos entre grandes e pequenos). A qualidade dos gramados deixa a desejar, com buracos e até
desnivelamentos acintosos (sobretudo quando os grandes jogam contra os pequenos).

As condições de trabalho
Enquanto nos profissionais os treinadores ganham salários astronômicos, na base, o salário é baixíssimo. Isso faz com que não haja interesse de técnicos em permanecer na base, prejudica a continuidade do trabalho e, claro, a qualificação do profissional que forma os jogadores do clube. Como consequência, os treinadores priorizam o resultado para crescer na carreira. E a formação fica em segundo plano.


A continuidade no trabalho
Na base brasileira, muitos cargos são políticos, e o esquema funciona mais ou menos assim: muda o presidente, muda o diretor da base. Há exceções, como o Internacional e o Atlético-MG, mas no geral as mudanças atingem todo o clube, e sem continuidade, não há como estabelecer uma linha de trabalho.


A transição para os profissionais
No Brasil, muitas vezes o jogador sobe com um treinador que gosta dele. Mas o técnico perde três jogos, é demitido. Chega outro, que não gosta do estilo de jogo desse jogador, que não gosta de voltar para os juniores e fica desmotivado. Ou não desce de volta e e passa a completar treinos por cinco, dez minutos. Perde condicionamento físico.
 
A história é muito comum em clubes da Série A, e muitos jogadores já se perderam assim. Além, é claro, dos atletas que chegam com a missão de serem "salvadores da pátria" em momentos complicados das equipes. Quem comanda todo esse processo deveria ser o clube, com o planejamento adequado e não o treinador do momento, que pode perder o emprego daqui a dois ou três jogos. Não é um problema da base, mas sempre respinga em atletas mais inexperientes.

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